data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
O Ministério Público Federal (MPF) constatou que dos 10 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional de Santa Maria, anunciados há 10 dias pelo governo do Estado, só cinco estão em funcionamento, além dos 30 leitos clínicos. A situação foi constatada em uma visita do órgão à instituição, na última terça-feira, quando nenhum dos leitos de terapia intensiva estavam em operação.
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De acordo com a procuradora da República Bruna Pfaffenzeller, que instaurou um procedimento administrativo para acompanhar as medidas adotadas pelos órgãos públicos visando o controle e tratamento da epidemia em Santa Maria, até as 14h da última quarta-feira nenhum leito de UTI do Regional estava funcionando.
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- Três foram incluídos no sistema ontem [quarta] e dois hoje [quinta]. Até o início da tarde, não tinha nenhum paciente internado - comentou.
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A explicação do Estado, segundo a procuradora, é de que a empresa privada que está locando os leitos para a Secretaria Estadual de Saúde (SES) estava com dificuldades na disponibilização de ventiladores de primeira linha - padrão ouro.
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- Hoje, nós temos cinco leitos com respiradores padrão ouro funcionando e os outros cinco têm previsão de funcionamento até o final de semana, segundo a Regulação do Estado, que disse que a empresa irá fazer algumas substituições e adequações para deixar os leitos em condições de atender o paciente Covid-19 em segurança - disse a procuradora.
Segundo ela, a preocupação do MPF se agrava, já que na última quarta, por exemplo, o Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) havia atingido a marca de 90% da ocupação dos leitos de UTI adulto Covid-19. Somando a oferta das duas instituições, são 15 leitos UTI Covid-19 ofertados via SUS para pacientes de Santa Maria e da região. Até o meio-dia de ontem, sete dos 10 leitos de UTI adulto do Husm voltados à pandemia estavam ocupados.
Para o MPF, há discrepância entre dados oficiais de disponibilidade e ocupação de leitos do Estado, município e hospitais.
- Os dados oficiais estão com problemas, descompassados, e podem estar passando uma imagem para a população em geral de que estamos numa situação mais privilegiada do que nós estamos. Os dados não coincidem com o que estamos vivendo, tem muita discrepância com o que o Estado informa, o município informa e o que efetivamente a gente vê nos leitos nos hospitais. Estamos chegando em um ponto que há momentos que o paciente Covid-19 não terá leito específico para ele, e daqui a pouco ele vai ter que ser colocado junto com outros pacientes, e aí a chance de contaminação dentro do hospital é gigantesca - conclui.
O prefeito Jorge Pozzobom (PSDB) afirmou que não sabia do problema e que, quando o governador anunciou os leitos, ficou claro que seriam abertos no dia seguinte. Segundo ele, as UTIs têm aparelhos alugados porque não há equipamentos disponíveis para venda. Porém, diz que não havia como prever que a empresa contratada para instalar as UTIs teria problemas técnicos.
- A empresa foi notificada a resolver, e já arrumou cinco. Tem de resolver os outros cinco leitos de UTI imediatamente. Vou ligar para a secretária estadual Arita (Bergmann). Com os 10 leitos permanentes de UTI colocados no Husm, graças a Deus não precisou usar nenhuma dessas UTIs do Regional até agora - afirma.
Na tarde de sexta-feira, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) respondeu o seguinte:
"Para a SES RS, é importante o acompanhamento por parte do MPF das ações de saúde em atendimento aos usuários SUS. Quanto ao funcionamento dos leitos de UTI do Hospital Regional de Santa Maria, temos a informação junto à gestora da instituição de que já há paciente internado na ala de UTI recentemente aberta."